Lembrei-me nitidamente, de uma cena que me ocorreu com um rapaz, na cidade de Salvador, capital da Bahia, na época em que por la vivi.
Tratava-se de um jovem universitário de classe média alta, daqueles que estão começando uma vida intelectual, porem, ainda caminhando pelos pensamentos dos outros.
Como é comum da idade, o jovem se empolgava e aumentava a sua voz, cada vez que algum de seus argumentos antiamericanos, eram questionados.
Dizia em alto e bom tom, para que todos pudessem ouvir, o quanto o capital americano era pernicioso para nosso Pais e o quanto os pobres trabalhadores brasileiros eram explorados pelas industrias que aqui estavam instaladas.
Como não gosto e sempre que possível me retiro, de perto das conversas onde as pessoas tentam ganhar no grito ao invés de fazer prevalecer a lógica de seus argumentos, fiquei calado fazendo de conta que não estava ouvindo o que se passava.
Este tipo de gente, é infelizmente o que mais encontramos em nossa sociedade pois, na falta de conhecimentos e humildade para reconhecer a limitação, falam alto atraindo a atenção de toda gente e todos acabam se calando diante dos argumentos colocados por ele, na esperança de que, se acalme e pare com o vexame.
Quando as pessoas param de contra argumentar, ele sente-se um vitorioso e acaba enganando alguns incautos e principalmente a si próprio.
Nesta feita, estávamos nós em espaço pequeno, dificultando assim que eu me afastasse daquele ser intragável com sua voz esganiçada.
Tinha eu, naquela época, duas saídas;
Manda-lo se calar e criar um clima horrível, ou ir embora evitando assim o constrangimento de ter que argumentar com ele, pois esse tipo de gente, não sossega só em convencer alguns. Eles ficam incomodados com os quietos e querem a aprovação de todos, ou melhor...
A “concordância” de todos.
Como estávamos comemorando a contratação de uma amiga, por uma grande empresa, seria muito chato ir embora, pois afinal, tinha menos de 30 minutos que havíamos chegado ao local e o jeito era ir levando a situação, fazendo de conta que não estávamos interessados no assunto.
Como muitos do grupo já estavam cheios da situação e muito bem me conheciam, resolveram coloca-lo para argumentar comigo.
Respondiam a uma colocação dele e me inqueriam a tambem responder, chamando-me pelo nome e por mais que eu apenas balançasse a cabeça e demonstrasse não estar prestando atenção no assunto, mais tentavam me envolver .
Até que ha certa altura, já cansado daquele teatro, resolvi dar um basta na situação e colocar o sujeito no lugar dele.
Respirei fundo, virei-me em sua direção, olhei bem fundo nos olhos dele e pedi para que me colocasse a par daquilo de que ele estava falando.
Silencio total, todos olhando na direção dele que, empolgado e quase aos gritos, discorria sobre todas as atrocidades que os americanos cometeram em sua história.
Ouvi pacientemente sem o interromper e quando os argumentos dele terminaram, olhei novamente em seus olhos e fui baixando meu tom de voz até que todos tivessem que se esforçar para ouvir o que eu estava dizendo.
Quando ele tentou me interromper logo no inicio da primeira frase, pedi-lhe para que abaixasse o tom de voz e que não me interrompesse pois do contrario, isto seria um monólogo e não uma conversa.
Primeira pergunta que dirigi a ele para derrubar seus argumentos antiamericanos;
- Se o senhor, tão pouco gosta daquele povo, por que esta dando lucros para eles?
- Como assim dando lucros? Foi a resposta.
- Eu não estou vendo nenhum fuzileiro americano, apontando uma pistola na sua cabeça e mandando-o tomar esta coca cola que esta em suas mãos.
Ele tentou argumentar, dizendo que isso era fruto da publicidade, no que, prontamente retruquei.
- Mas o senhor mesmo sabendo disto, ainda assim esta dando lucro a eles e eu não estou entendendo muito bem a sua posição. O senhor quer que tenhamos ódio deste povo, mas não abre mão dos benefícios da filosofia de vida deles ou estou enganado?
Antes que ele se recuperasse e voltasse a carga continuei;
- Amigo o senhor tem a consciência de que se este povo, não fosse o que é, provavelmente o senhor nem estaria aqui?
Veio a pergunta;
- Do que você esta falando? Você ficou louco ?
- Pois é!
-Louco por ver as coisas com a luz da razão e não das emoções, emoções estas, plantadas neste povo por gente despeitada, que só se interessa em distrair a população de suas verdadeiras intenções.
E continuei
- Onde o senhor acha que estariam seus avós e seus pais agora, se aquele tão malvado povo, não tivesse entrado na 2° grande guerra, perdendo assim milhares dos seus filhos para derrotar os nazistas?
Não o deixei mais interferir enquanto fui discorrendo em meus argumentos.
- O senhor esta aqui falando de um povo, que lutou por sua independência e fez um acordo para criar sua nação. Assinou este acordo, ao qual chamou de "Constituição" e nunca mais o mudou, nem por interesses pessoais, de grupos ou outro motivo qualquer.
Sua carta maior, seu acordo, a "Constituição Americana", é a mesma ha 226 anos e neste anos todos, apesar de mais de 10.000 emendas terem sido propostas, apenas 27 foram acrescentadas e isto, para ampliar os direitos dos cidadãos, como por exemplo a emenda que aboliu a escravatura e jamais seu teor original foi alterado.
- o Senhor esta aqui tentando, criar em nós, acirramentos contra o povo que produz 40% dos grãos do planeta e é quem mais manda ajuda humanitária para países miseráveis.
- O senhor esta aqui, tentando nos convencer do racismo de um povo, que derramou o sangue dos próprios irmãos para terminar com a escravatura e que elegeu por duas vezes um descendente direto de Africanos e eu pergunto ao senhor;
- Quantos o seu Pais elegeu?
- O senhor esta aqui, chamando de injusto um povo, que colocou na cadeia um dos homens mais poderosos da terra, por ter assediado uma serviçal e mais, uma imigrante africana.
- O senhor já viu isto acontecer em seu Pais??
- O senhor esta aqui, tentando nos convencer das injustiças de um povo, que coloca até presidentes na cadeia.
- Eu pergunto ao senhor;
- Seu Pais faz isto?
E continuei.
- Provavelmente o senhor vai chegar na sua casa e ligar sua internet não é verdade?
- E vai fazer isso, usando o micro computador inventado por um menino, deste povo que o senhor acha tão mau.
- Vai navegar usando um navegador deles e provavelmente, seus email’s ficam todos guardadinhos em um provedor deles não é mesmo?
- E isso tudo sem pagar um centavo sequer.
- O senhor sabia, que se não fossem as industrias, que o senhor alega terem vindo “explorar” o nosso povo, o seu candidato a presidência da republica,(Lula), ainda seria apenas mais um retirante do nordeste Brasileiro?
- O senhor tem consciência da quantidade de médicos, dentistas, arquitetos, engenheiros, advogados, químicos, veterinários, professores, músicos, filósofos, etc... etc..., estudaram e formaram-se, com o dinheiro que seus pais ganharam nestas industrias, que o sr. diz terem vindo aqui nos explorar?
- O senhor ja se perguntou quantos milhões de empregos diretos foram criados com isto?
- O senhor queria o que ?
- Que eles pegassem o dinheiro deles, montassem as industrias e fossem embora deixando tudo em nossas mãos?
- Garanto e provo ao senhor; Elas não existiriam mais.
- A coisa é simples meu amigo;
- Se você não pode trabalhar em sua própria empresa, trabalha na dos outros até poder ter a sua. Se for consciente, ainda deve agradecer por isso e ademais, se encontraram aqui, o espaço para monta-las, foi porque nós não o fizemos. Simples assim !
- Voce anda de Chevrolet, de Ford, toma Coca cola, come Mcdonald´s, usa Microsoft, Google, faz sua barba com um aparelho da Gillete, inventada por eles, usa em sua casa lâmpadas inventadas por Edison, liga no telefone inventado por Grahan Bell, usa o celular inventado por eles, esta vestindo o Jeans inventado por eles, além de outros milhares de produtos, resultados da filosofia de vida deles e vem aqui, gritar em nossos ouvidos que eles são o mal da terra ?
- Acorde meu amigo, você deve gastar essa energia para consertar o que é errado em seu Pais e não tentar mudar o que esta tão longe e que o senhor, tão pouco conhece.
- Existe um nome para isso; Inveja e falta do que fazer!
- Seja o exemplo...Depois você critica os outros !
E assim a conversa chegou ao fim, com o sujeito saindo rápido, alegando que teria de buscar a namorada.
E quanto a mim?
Bem...
Naquela noite não precisei pagar por nada, todos fizeram questão de pagar minha conta, agradecidos que estavam por eu ter dado um fim naquela situação.
Valerius!!!
Valerius!!!
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