sábado, 9 de fevereiro de 2013

RADIESTESIA - INTRODUÇÃO AULA 1 - ORIGENS

Para entendermos o por que, de uma arte tão fantástica e útil como esta, não se desenvolveu e faz parte dos estudos e da evolução de toda a humanidade nos dias de hoje, precisaremos entender bem suas origens e seus usos no caminhar das civilizações. Faz-se necessário que entendamos o momento sócio-cultural de cada civilização e seu comportamento, diante daquilo que consideravam sobrenatural, coisa que alias, não mudou muito até hoje.
Para nos dedicar com afinco no estudo da radiestesia, é necessário que entendamos as origens, os fundamentos e a história de nosso objetivo e então assim, saibamos se tratar de algo sério e com muitas raízes históricas e não simplesmente mais um oraculo como tantos que acompanharam a história da humanidade. 


A OBSCURIDADE


A inquisição católica medieval teve início em 1184 no Languedoc (sul da França) para combater a heresia dos cátaros ou albigenses.
Em 1233, o papa Gregório IX, institui os Tribunais Católicos Romano,(inquisição), o que foi reafirmado e intensificado por inúmeros papas depois disto e oficializa-se assim, a mais longa e sangrenta perseguição religiosa da história da humanidade.
Objeto da caça? Tudo que não estivesse de acordo ou incomodasse a santa madre igreja.
Após a publicação em 1486 do infame livro, Malleus Maleficarum , pelo demente monge alemão, Heinrich Kramer, a perseguição a tudo o que era considerado bruxaria, se intensificou por toda a Europa e chegou até a América.
Se valendo da invenção de outro alemão, a Prensa de Gutenberg, recém criada em 1468, o neurótico monge espalhou pelo mundo, cerca de 30.000 exemplares do livro, um absurdo descomunal para a época.  Este seria o mais utilizado manual de perseguição e crueldade, da santa inquisição e dos perseguidores de bruxas, durante os quase duzentos anos seguintes.

Homens, mulheres e crianças eram torturados e queimados vivos, simplesmente por nascerem com cabelos vermelhos.
Dentro das artes ditas,"diabólicas" pela santa inquisição, estava a Rabdomancia, palavra derivada do grego, rhabdos+manteia, como era conhecida a radiestesia na época. Traduzindo literalmente; Vara de adivinhação.


Não é preciso dizer o que, séculos de perseguição implacável, fez com esta ciência e com tudo o que se referia a ela.
Mas, por se tratar de algo muito útil para os soberanos das varias nações, na descoberta de riquezas e aguas, muitos ainda continuaram a utilizar esta técnica em suas pesquisas e prospecções.
Monges de varias ordens e nobres protegidos das cortes alem de estudiosos a serviço dos reinos mantiveram acesa a chama da radiestesia a despeito de toda perseguição da inquisição.
Claro que tinham de tomar muito cuidado para não cair em desgraça com os poderosos pois podiam facilmente ser acusados de bruxaria e serem afastados do caminho.
Já entre os gentios, precisaríamos de anos de pesquisas nos documentos da "santa" inquisição, para termos uma estimativa aproximada de quantas pessoas foram mortas por esta pratica.
Mas nem tudo eram só sombras naqueles tempos terríveis e dentro dos próprios mosteiros, haviam almas que não concordavam com o que acontecia.
Não se manifestavam abertamente contra, pois seriam também colocados sob o peso do, este sim diabólico, Malles Maleficarum,(Martelo das Bruxas).
Foram aos poucos compilando e guardando os segredos de milênios, muitas vezes sob o pretexto de conhecerem e saberem do que se tratava, se por acaso encontrassem algum bruxo pela frente.
Desta forma a rabdomancia chegou até os mosteiros e por enorme ironia, é um padre quem da-lhe nova roupagem e é outro padre quem a rebatiza em pleno inicio do século 19, mais isto, nós veremos mais a frente, agora vamos rastrear a pista da radiestesia nas varias sociedades humanas em todos os tempos!



              Malleus Maleficarum em uma edição de1520 da Biblioteca da universidade de Sidney.

A radiestesia na história da humanidade

No velho testamento encontramos menção ao uso da rabdomancia,(antigo nome da radiestesia), em Ezequiel 21,26 e Ozeias 4,12.
Na China ,uma xilografia amplamente confirmada e aceita, datada do ano 147 a.C., provavelmente o documento mais antigo sobre a radiestesia no mundo, mostra o imperador chines Ta Yü Mo, do século 23 a.C., (2205 a 2197 a.C.), segurando um bastão muito parecido com o aurimeter utilizado por radiestesistas hoje.
Uma inscrição na xilogravura explica que o imperador Ta Yü Mo , da dinastia Hsia, foi famoso por suas descobertas de objetos perdidos, descobertas de jazidas minerais e na agricultura. Ele nos deixou um livro intitulado, "Chowking" onde relata suas obras.
Alguns documentos relatam a habilidade dos chineses, famosos por localizar radiações nocivas no subsolo,(cauda do dragão), utilizando para tanto uma forquilha. Igualzinha aquelas que nossos sertanejos usam para localizar locais de perfuração de poços.
Mas existem evidencias de que a radiestesia seja bem mais antiga do que isso.
Próximo ao monte Atlas, no noroeste da Africa, localizam-se gigantescas cavernas. São as cavernas Tassili que possuem quatro painéis pré-históricos descobertos por pesquisadores franceses em 1949.
O teste de carbono 14, utilizado para determinar aproximadamente a data de objetos arqueológicos, datou os painéis em pelo menos 8.000 anos.
Um dos painéis mostra um dos membros da tribo, em meio aos outros, segurando uma vara na mão fazendo prospecção de agua. Este membro representa um bruxo.
Em sarcófagos do Egito, no vale dos reis, foram encontrados inúmeros objetos e entre eles varinhas e pêndulos, alias um destes modelos, o egípcio vale dos reis, é muitíssimo usado pelos radiestesistas modernos.
Na Babilônia os bastões eram conhecidos como Barus ou varinha magica que eles denominavam de cinza-sim.
Na Etrúria, eram os Tubos(varinha), onde havia uma ordem só para estes estudos e existem evidencias que apontam os Etruscos como quem introduziu a rabdomancia no antigo Imperio Romano.
O famoso escriba romano, Cicero em seu Tractatus de Officiis Divinatore, cita vários usos da varinha a qual chamava de lituus.(Não confundir com o instrumento musical de mesmo nome).




Um lituus romano


Existem narrativas de que o imperador Juliano Flávio Cláudio (331-363), utilizou estes sábios etruscos em sua conquista da Pérsia.
Relatos históricos, atestam tambem que foi um adivinho Etrusco quem traçou para Rômulo, o fundador de Roma, onde deveria ser edificada a cidade.
Os romanos utilizaram-se da varinha, a qual chamavam de lituus, para as tropas romanas  descobrirem aguas em suas conquistas da Gália e da Germania.
Em se tratando do Imperio Romano existem dezenas de outros relatos. Cada vez que um terreno era condenado por "adivinhadores" para construção, no local construía-se uma fonte. Eis ai do porque Roma ser uma cidade com muitas fontes.
Na civilização Peruana, existem documentos arqueológicos que citam uma estatua segurando uma forauilha em uma da mãos. Os documentos estão datados em 9.000 a.C.
O fato esta citado no livro; Dois anos no Peru de T.J. Hutchinson e é citado no livro; O poder dos pêndulos.


Escribas antigos, bem como autores especialistas no estudo de velhas civilizações, como a chinesa, egípcia, caldéia, etc.., mencionam o uso da pratica radiestésica, por sacerdotes iniciados, os quais guardavam seus segredos a sete chaves para impedir uma profanação do que eles consideravam sagrado.
Note-se aqui, que o que existe documentado em relação ao longo período que citamos, é muito pouco pela extensão de tempo, mas temos que entender que certos ensinamentos eram passados para apenas alguns escolhidos e estes protegiam estes segredos com a própria vida se fosse necessário, Então muito pouca coisa ficou documentada.
Ainda hoje é assim,  não se iludam, apesar das aparências, existem países muitíssimos desenvolvidos, como veremos mais a frente, fazendo uso constante desta arte, só não divulgam isto.


RADIESTESIA NA IDADE MÉDIA

Dai pulamos para a era medieval, onde qualquer um que se utilizasse desta arte poderia ser considerado bruxo. Existe até um manuscrito do ano 11 alertando que a varinha havia se transformado em instrumento de bruxaria. Depois disto...só escuridão...Não existe um sequer documento popular da época.
Em 1518, note-se que o Brasil já havia sido descoberto, tem inicio na Europa, o atrito entre protestantes e católicos, muito por conta dos excessos cometidos pela inquisição.
Martinho Lutero, líder da rebelião contra o catolicismo, declara solenemente, ser a varinha intermediaria de negociação com o demônio.
Em 1521, um manual de magia intitulado, O Dragão Vermelho, da a receita para utilização da varinha. A receita era acompanhada, do que era considerado pelos cristãos um sortilégio, gerando com isso mais desconfiança ainda.
Nesta época a varinha já era novamente, amplamente utilizada em minas e ainda em 1521, Um monge Beneditino chamado, Basílio Valentim, demonstra sete espécies de varinhas utilizadas pelos mineiros Austríacos.
Em Feiberg, na Saxônia, no museu da escola de mineração, existe uma foto de um diretor de minas do século 16 utilizando uma destas varinhas.Trata-se do retrato de Cristóvão Von Schenberg.
Em 1556 na Alemanha, o mineralogista Georgius Agricola, escreve uma obra intitulada, "Tratado sobre metais" e condena a varinha alegando ser uma volta a magia do passado.
Opinião provavelmente influenciada por anos de perseguição religiosa.
Na Inglaterra, entre 1558 e 1603, reinado da rainha Elizabeth I, centenas de alemães mineiros  e dezenas de especialistas na varinha, foram trazidos da Alemanha para a região da Cornualha na Inglaterra, com o objetivo de desenvolver a mineração inglesa e alimentar a revolução industrial que, apesar de ter começado na própria Inglaterra, no século XVIII, ja começava a mostrar o ar de sua graça.
Sera que a Inglaterra, se tornou a potencia que é, de graça?
Agora amigos...A mais famosa história de radiestesistas do mundo. Uma história de amor, glória, traição, inveja, injustiça e infortúnio.
Em 1600, na França, sob o reinado de Henrique IV, (O Grande) ,(E não Luís XIV ou Luís XV, como muitos autores confundem), o então inspetor geral de minas, algo assim como nossos ministros de hoje, de nome Pierre de Bernighen, pede para Jean du Chatelet, Barão de Beausoleil e Auffenbach, então diretor de minas no Tirol e Trentino, vir para a França.
Após 10 anos, ai já então sob o reinado de Luís XIII, (O Justo), Jean du Chatelet casa-se com Martine de Bertereau, que vem a se tornar sua mais valorosa colaboradora.
Depois de anos de trabalho e descobrir inúmeras minas e fontes na França , o casal é solicitado a ir para a Alemanha, para a Itália e para a Suécia, mas em 1926, para sua total infelicidade, voltam para a França, atendendo ao pedido do superintendente das minas do reino, a serviço do rei Luís XIII.
Para se esquivar dos perseguidores de demônios, os parlamentares de três províncias, Bordéus, Toulouse e da Provença, confirmam oficialmente os serviços do casal.
Estes documentos parlamentares, são o primeiro reconhecimento oficial, da Radiestesia.
Apesar de cuidadosos e experientes, pois sabiam das perseguições geradas pela ignorância religiosa, eles foram freqüentemente perseguidos por funcionários a serviço do rei até que um dia, acabaram por receber a visita de um juiz da justiça militar da província.
O magistrado alegava, não haver meios de se descobrir nada que estivesse sob a terra sem a ajuda do demônio e dito isto ordenou a prisão do casal sob a acusação de bruxaria. Todos os instrumentos e bens pessoais foram "confiscados".
Livraram-se da acusação de bruxaria e foram soltos, porem seus bens e instrumentos jamais foram recuperados.


Em 1632, Martine de Bertereau, escreve; "Declaração verdadeira ao Rei e aos senhores de seu Conselho, dos ricos e inestimáveis tesouros recentemente descobertos neste Reino ". 
A lista contava com nada menos do que 150 minas e jazidas de aguas e minérios descobertos pelo casal, as suas próprias custas, sem ajuda ou subvenção alguma do Rei, o que levou o casal a beira da falência total.
Depois de ver sua fortuna se acabar, queriam ser indenizados pelos serviços, mas foram sendo enganados com gestos oficiais.
Um destes gestos, foi o título dado em 1634 ao Barão de Beausoleil, de inspetor geral de minas, acompanhado por uma carta elogiosa sobre a descoberta de minas de ouro, prata, chumbo, alem de pedras preciosas e citava como isto poderia beneficiar sua Majestade.
Como a bancarrota total, já rondasse de perto o casal, já exaustos de serem ludibriados, Martine de Beausoleil resolve procurar, um famigerado personagem conhecido por todos nós; 
O Cardeal Richelieu.
Leva até ele um  trabalho, onde refuta todas as acusações de bruxaria e relatando todos os beneficios de suas descobertas.
Relata na lista; Cristal nos Pirineus, Ferro e Chumbo em Foix, carvão no Ródano, Antimônio, Zinco e Enxofre no condado de Alais, Turquesas em Quercy, Rubis e Opalas na região do Le Puy, Mármore na Normandia e na Bretanha entre varias fontes de aguas.
Richelieu não se comoveu e resolveu livrar-se de uma vez por todas do problema. 
Como eram suspeitos de bruxaria foram presos sem julgamento. 
Um foi enviado para a Bastilha e o outro para Vicennes onde terminaram seus dias.
Não foi a toa que o rei seguinte, Luís XIV, (O Rei Sol), foi considerado o mais prospero e rico dos reis Franceses.
Que isto sirva de aviso aos radiestesistas quando forem procurados por políticos.
Quero chamar a atenção para um fato;
Em todos os lugares onde existe um relato, mais farto e documentado do uso desta técnica, coincidentemente são estes os lugares em que mais floresceram as sociedades que marcaram o rumo da humanidade. 
Espero que nesta aula, vocês tenham tido uma idéia da seriedade do que vão aprender e da responsabilidade que deverão ter quando se tornarem peritos em pesquisas e nunca se esqueçam que, não podem jamais interferir no tempo de crescimento e no aprendizado de cada um pois, isto feito, o universo cobra imediatamente.
Lembrem-se:
Quanto maior a sabedoria, maior também é a responsabilidade!
Continua na próxima aula; A Radiestesia na Idade Média.
Valérius!

 


6 comentários:

  1. Muito bom, obrigado por compartilhar desse conhecimento!!! Namastê

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  2. Que legal Valérius! eu que sou totalmente leiga no assunto, acho que o histórico foi esclarecedor. Parabéns, obrigada. namastê.

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  3. A primeira aula possibilitou conhecer a linha histórica para ter um referencial do conhecimento sobre o assunto “Radiestesia”, contribuindo para que não se tenha visões distorcidas quanto a sua aplicação e responsabilidades. Permite também, aos interessados, continuar a pesquisa através das indicações citadas no texto quanto a nomes e datas.
    A introdução do curso está excelente e motivadora, parabéns!
    Sugestão: Colocar algumas imagens!!!

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  4. Gostaria de citar também, sobre a questão do “uso” deste conhecimento (historicamente relatada no texto), ou até mesmo de qualquer “outro” conhecimento...primeiramente é voltado para “aquisição” de bens, valores físicos. Por isso deve-se ter todo cuidado no que se refere a “ética” de manipulação com as energias, as mesmas servem para equilibrar e servir a propósitos do bem, quando isso não acontece, ocorre a situação relatada sobre Jean du Chatelet e Martine de Bertereau, que apesar da época, pagam em solitárias nas masmorras.

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  5. Ola Ludmila, atendendo seu pedido ja estou providenciando imagens para a aula. Obrigado.

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  6. Olá Valerius!
    Com as ilustrações, o texto ganhou mais "vida"...ficou muito bom!
    Não tem o que agradecer...eu é quem agradeço por poder colaborar!

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